Oieee queridíssim@s;
Na sexta-feira, dia 20 de março, eu fui conhecer uma Mesquita. God!!! É uma experiência de fato inenarrável. No meu curso de Inglês e em New York como um todo existem muitos muçulmanos. No início eu ficava com torcicólo porque sempre me virava para ver as mulheres de véu e os homens vestidos com jibab, que eu na minha humilde ignorância chamava túnica.
Na sexta-feira, dia 20 de março, eu fui conhecer uma Mesquita. God!!! É uma experiência de fato inenarrável. No meu curso de Inglês e em New York como um todo existem muitos muçulmanos. No início eu ficava com torcicólo porque sempre me virava para ver as mulheres de véu e os homens vestidos com jibab, que eu na minha humilde ignorância chamava túnica.
Clima descontraído na Mesquita
No meu maravilhoso curso de Inglês, tive a oportunidade de fazer amizade com elas. Já contei para vocês: elas querem ter cabelo curly (cacheado) como o meu, e por isso estabeleceram comigo o primeiro contato. Isso foi surreal, porque eu no meu total desconhecimento carregava em minha mente estereótipos que a mídia insiste em construir. Ridiculamente, imaginava mulheres andando o tempo todo de cabeça baixa e sem falar com ninguém. Nossa, dá até vergonha de pensar que eu já pensei isso um dia. Mas, como viver é aprender, cá fui eu para uma Mesquita.
Sexta-feira é um dia importante para os muçulmanos. Nesse dia há uma pregação especial feita pelo Iman (seu líder religioso). Nesta sexta, tudo foi mágico para mim. Munira e Farvin, minhas amigas mais próximas do curso, respectivamente do Iemen e de Bangladesh, não puderam me acompanhar. Quando as mulheres menstruam não podem ir à Mesquita participar da cerimônia. Em outra ocasião, explicarei o porque, antes que sejamos seduzidos por explicações óbvias do tipo: quanto preconceito, quanta opressão... No Islã, tudo tem um sentido, tudo é explicável. E isso para mim que sou cheia das perguntas foi um prato cheio como vocês podem imaginar.
Pois bem, fui acompanhada por Fátima. Ela é Marroquina e deve ter em torno de 40 anos. Uma mulher forte no olhar, no jeito de falar, em tudo. Ela estava com sua filhota, a pequena e simpática Aiete. Fátima me levou até um brother que me deu importantes explicações. Depois eu fui almoçar em um restaurante muçulmano... Ai, ai, ai, quanta coisa gostosa esse povo come!!!! Fiquei no peixe e na saladinha... Muito good!!!
A pregação começaria às 13:30h. Após almoçar, Fátima me levou para Mesquita. Veja bem, eu não sabia nada do que ia acontecer dali para frente, nada mesmo, nothing!!! Minha primeira surpresa foi a de que os homens entravam por uma porta frontal, e, nós, mulheres pela lateral. Por favor, isso não se traduz como machismo...
Antes disso, Fátima - de forma extremamente maternal - colocou-me o véu, o scarf (lenço em Inglês, esqueci de perguntar como é em árabe!!!). Pronta, de véu, mochila, calça jeans e jaqueta, entramos. Lá, temos que ficar descalças. Recebemos sacolas para guardarmos nossos sapatos. O clima é bastante animado!!! Muitas mulheres com véus de todas as cores e tipos, com pedras, bordados, sedas, conversam em tom alto e animado. Ao se reencontrarem se abraçam longamente, dão beijos bem estalados e ficam bastante felizes de ver um novo rosto ali prestigiando a sua religião.
Fátima me avisa que quando começar a pregação não poderá mais conversar. Sim, "I understood Fátima", respondo a ela com meus olhos arregalados. AInda dá tempo de perguntar como devo proceder caso eu queira fazer as orações. Ela me leva ao banheiro e me ensina o ritual islâmico. Ninguém lá dentro é obrigado a rezar, mas caso queira tem que antes purificar o corpo. Esta purificação consiste em lavar as mãos e a boca três vezes, os braços até o cotovelo uma, os ouvidos, o rosto e os pés. Existe uma ordem para isso, que eu não consegui decorar. Além disso, você tem que ir com roupas limpas, sem nenhum tipo de sujeira em respeito a Alah.
No salão em que as mulheres ficam, há uma televisão. É através dessa televisão que assistimos à pregação. Uma parede nos separa dos homens e do Iman. Assistimos à pregação dele via televisão. Há espaços separados para homens e mulheres. E, ao contrário do que nossas mentes ocidentalizadas nos induzem a pensar, a experiência nem por isso deixa de ser menos intensa. Pra falar a verdade, é bem forte o sentimento de estar sozinha entre pares femininos reverenciando a um mesmo Deus, nesse caso, Alah.
Muitas coisas me chamaram atenção. Parte da pregação consiste em se abaixar e bater a cabeça, de forma bem parecida com a que fazemos no Candomblé. Além disso, todas nós sentamos no chão, apenas as convidadas sentam em cadeiras. Fátima queria me dar uma cadeira, mas recusei... Não vi motivos para isso e ela pareceu feliz com minha recusa. Ao final, rezamos de pé em conjunto, nesse momento é necessário que seu dedo mindinho se encaixe no de sua sister.
A pregação é muito bonita, muito forte, muito contagiante. Várias vezes chorei, me senti muito feliz de estar ali, e, agora, ao narrar o que vivi há uma semana, as lágrimas da sozinhude retornam.
O Iman falava da necessidade dos maridos cuidarem de suas esposas, porque a mulher era o pilar da família. Dizia ele: "his wife is my sister" (sua esposa é minha irmã)! Foi bonito ouvir isso, mexeu comigo... Ele intercalava o Inglês com o árabe, e pelas expressões todas pareciam aprovar suas palavras. Lembrava ainda da importância de se cuidar da saúde, e chamava atenção especialmente das African American para cuidarem da sua pressão arterial, visto que há pesquisas que comprovam que a pressão alta acomete mais este grupo.
Em vários momentos, percebi que Fátima olhava para o lado para ver como eu me sentia. Parecia não acreditar, não entender bem o que eu estava fazendo por ali, mas independente disso, sentia-se feliz de ter sido a anfitriã de uma estudante brasileira no Islã. Carregava em seu olhar e na maneira de me apresentar às pessoas enorme orgulho disso. Ela é uma mulher muito especial, muito mesmo. Chorei no seu ombro a saudade de minha mãe, de minha avó e ela me disse implacavelmente: "você não está sozinha, eu amo você"! As suas palavras ecoaram na minha alma de uma forma muito visceral e senti tanta alegria, tanto orgulho, tanta devoção a Alah por estar ali, participando de tão intímo momento.
Uma Sister que veio me dar boas vindas...
Ao final, Fátima não hesitou. Abiu sua bolsa e me deu seu terço de presente. Não há uma só noite que eu não durma com ele embaixo do meu travesseiro...
Obrigada Fátima, você está eternizada no meu coração!!!
Obrigada Fátima, você está eternizada no meu coração!!!
Little Muçulmanas: a menina ao fundo é a pequena Aiete, filha de Fátima. Minha queria amiga não gosta de tirar fotos.
Gi, fiquei super comovida com seu relato sobre a ida a Mesquita com as sister. Lembrei de uma amiga querida que tenho na Africa do Sul e que eh muculmana e do quanto aprendi com ela a repensar meus (mal) entendimentos sobre o Islam. Tudo fica diferente quando a gente consegue se aproximar do mundo das pessoas. Enfim... que bom que essa sua estada em terra estrangeira tah trazendo boas experiencias. E a sozinhude é interessante, mesmo. A gente percebe que pode ser uma boa companhia pra gente mesma - nao eh pra ser sempre assim (estar com os seres amados eh bom demais), mas pode ser tambem uma experiencia libertadora. saudades, beijos, Monica Lima
ReplyDeleteOie Mônica querida;
ReplyDeleteQue saudade de você! Pois é, foi uma experiência muito forte essa da Mesquita, com certeza estou marcada para o resto da vida! Que bom! Viva! Bjks!
This comment has been removed by the author.
ReplyDeleteOlá Giovana, estava na net fuçando e achei seu blog, amei demais, e gostei mais ainda pelo respeito que você trata os muçulmanos.
ReplyDeleteSou muçulmana, de São paulo mas vivo em Brasília.
felicidade e sucesso em NY
abraço Salwa.