Saturday, March 28, 2009

Exercitando a Sozinhude



Oieee minha gente queridaaaa;


A vida aos poucos começa a se transformar na nossa tão habitual rotina, assim, naturalmente os escritos vão diminuindo, mas não se preocupem, que atenderei aos pedidos e continuarei postando news.













Esta foto é do dia 3 de março, data da pior nevasca do ano. Tem coragem?


É engraçado isso, porque a rotina que se vive aqui, por mais rotineira que seja é, ao mesmo tempo, nova, inédita, então sempre há coisas para contar, para compartilhar com vocês.Como vocês sabem, sou chegada aos neologismos. O mais recente é o da sozinhude. Mas que diabos significa essa polissílaba? Ai, lembrei dos tempos de escola quando a gente tinha que contar as sílabas e classificar as palavras!!! Lembram? Monossílaba, Dissílaba, Trissílaba...Pois bem, sozinhude é o que eu defino como a plenitude de estar sozinha. Aqui tenho tido a oportunidade de exercitar e aprimorar este vocábulo a todo instante.É uma solidão bastante específica, diferente daquela que nos remete diretamente a dor e ao sofrimento. É uma solidão onde podemos nos conhecer melhor, onde nossos cantos mais íntimos são desnudados e mares nunca dantes navegados desbravados.







Gigi in January 26: exercitando a sozinhude
É uma experiência forte, intensa, prazerosa, mas também dolorosa. Nela há lágrimas, múltiplas lágrimas: dor, felicidade, saudade, reverência, certeza, e, sobretudo, dúvidas, muitas dúvidas, "many doubts"... Os sorrisos também pulam como pipoca feita naquela panela em que a tampa não encaixa muito bem porque já caiu no chão várias vezes. Os americanos, com certeza, desconhecem esse sentimento, mas a gente sabe muito bem o que pode significar uma panela velha que faz "comida boa"!É uma sensação comparável a de arrumar um armário que está pedindo socorro! Nós, mulheres (os essencialismos fazem parte da História) sabemos bem o que isso significa. Nesse armário temos contato com antigas peças que guardam nos cheiros e eventuais manchas histórias engraçadas de aniversários, viagens, porres ou memórias tristes de brigas, mortes, desencontros... E enquanto arrumamos nosso armário, passa um filme na cabeça, e, naturalmente, as lágrimas e sorrisos começam a pipocar... Este é um exercício bastante introspectivo - até porque nossos adoráveis companheiros, na maior parte dos casos, se recusam a participar de tão esdrúxula e infundada missão. Preferem acompanhar as rodadas do Brasileirão na sala com controle remoto na mão!
Um exercício de sozinhude no lar doce lar: 1/26/09



A vida aqui tem sido dessa maneira, sozinhude intensa, onde cada detalhe é decisivo. Interpelar as pessoas e ser interpelada na rua... Ouvir diferentes sotaques onde o seu é mais um... Pensem nas minhas amigas do Iemen, que tem como língua materna o árabe, falando Inglês... E é bonito gente, todos nós nos entendemos em alguma medida. Você começa a perceber que o corpo fala, você vive a máxima experiência do corpo como um texto.Quando se está sozinha coisas que sempre foram desinteressantes passam a ser centrais. Ver as pessoas passando pela rua da sua janela para saber com que roupa devemos sair. Ligar o laptop antes mesmo de tirar a mochila ou trocar de roupa. Ter horários certos para as refeições. Tudo vai adquirindo um sentido absolutamente imprescindível para a nossa vivência, veja bem, eu disse vivência, e não sobrevivência... Definitivamente, não há sobrevida nessa experiência...
E assim, os dias vão passando regados à sozinhude...Um brinde a este tão fantástico e intenso sentimento!!!

1 comment: